You're gonna be the one who saves me

São 2000 km. Um carro. Dois aviões. Dois autocarros. Acordaste às quatro da manhã, aposto que estava um gelo lá fora e nenhum carro pisava a estrada. Chegaste ao aeroporto, esperaste uma hora e meia e enfiaste-te num banco pouco confortável para descolar. Enquanto fazias escala num país qualquer perdido pelo meio, estava eu, a dormir profundamente, debaixo do edredão quentinho, com uma almofada debaixo da cabeça e outra agarrada a mim, como já me viste fazer. Despertei com a luz do telemóvel e numa mensagem dizias “Se cair…já sabes…”. E sabia. Sabia que vinhas aí. Dei voltas na cama durante horas. O meu coração batia depressa, provavelmente por sentir que o teu estava cada vez mais próximo. Lembro-me de sorrir, meio a sonhar meio acordada e sentir-me a pessoa mais aconchegada do mundo inteiro. Ali, naquela terra gelada, onde todos parecem ralhar com todos e com o coração perdido nas ruas escuras. Só agora percebo que ele não se perdeu. Fugiu-me para te encontrar. E voltou para mim quando te vi do outro lado da estação, com o teu blusão de cabedal e mochila às costas, o sorriso que se estende aos olhos, e eu a ouvir Wonderwall porque senti que aquele momento precisava de banda sonora. Sei que querias parar e ficar a olhar para mim como se fosse a primeira vez, sei que querias repetir a cena do Armageddon, mas não houve tempo para nada disso. Agarraste-me com a força de quem nunca me vai deixar. Enterrei a cabeça no teu pescoço e a única coisa que consegui articular Estás mesmo aqui não estás? Estiveste. E estás. E conseguiste apagar tudo o que estava para trás.

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O meu nome é Joana. Sou insatisfeita por natureza, quero sempre mais e sempre melhor. Sou indecisa, mas quando me decido vou até ao fim do mundo. O meu sonho é fotografar o mundo e as coisas bonitas que nos rodeiam. O meu grande sonho é não ter limites para o fazer.