I don't love you, yet

Convidaste-me, como eu sabia que irias fazer, e eu aceitei, porque afinal de contas, tinha sido eu a levar-te a convidares-me. Fomos até ao teu quarto, mas no corredor já me beijavas o pescoço e desapertavas os botões da camisa. Atrapalhavas-te, como sempre, não sei o que leva a fazer isso, o nervosismo? o desejo? Quando finalmente me tiraste a camisola, sussurrei que me batesses. Não percebeste. Agarrei-te, puxei-te para mim e pedi, delicadamente, por favor. Deste-me uma estalada, mas nem deu para o choque. Era raiva o que eu tinha dentro de mim quando te empurrei contra a parede, quando te beijei e os teus lábios te começaram a doer. Arranquei-te a camisola. Não te desejava assim tanto, não é que alguma vez o tenha feito, é só um reflexo do meu corpo, para o meu coração, não és, nunca serás, quem procuro. Deitaste-me ao chão, e mordeste-me, não como tinha feito antes, mas cheio de raiva, também. Onde foste tu buscar a tua raiva? Sei onde vou buscar a minha, a mim. Tenho raiva de mim e hoje quero descarrega-la em ti. Os teus dedos foram violentos, e a tua língua entre as minhas pernas, magoou-me, mas não deixei de ter prazer, no fundo merecia esta dor, não concordas? Quando me penetraste pela primeira vez, ainda estávamos no chão, pedi-te mais, e levaste-me até à tua parede nua e rugosa, só paraste quando o sangue nas minhas costas te tocou na palma da mão. Não me importei, aliás, não me importei nem um pouco.
Mas aí voltaste a ti, voltaste a olhar para mim, voltaste a procurar o meu olhar, voltaste e tiveste vontade me abraçar, mas afastei-me um pouco. O que se passa? Porque é que estás a chorar, magoei-te? Não, não, mas fode-me mais. Não gostavas de ouvir essa palavra na minha boca, dizias que não combinava comigo. Mas sexo pareceu-me complicado pronunciar na altura, e não é que alguma vez tenha feito amor. E por isso, levaste-me até à cama, estendeste-me e ficaste a ver o meu coração acalmar no meu peito, enquanto me ias beijando, calmamente. Não chores por favor. Mas eu não sabia o motivo de tanto choro, nem como fazer para que parasse.
roubado indecentemente à Marta Filipa.

Don't let go

As coisas nunca acontecem como queremos. Há um velho ditado que a minha avó me tenta enfiar na cabeça desde pequena a vida nunca nos dá o que queremos, a vida dá-nos o que precisamos. Talvez seja mesmo isso. Ultimamente não sei o que quero. É como se desde há um ano para cá os meus pulmões estejam colapsados. Contento-me em inspirar pequenas golfadas de ar e pouco mais. E de repente, apareces tu. Como nunca imaginei, mas que carregas uma botija de oxigénio às costas para casos criticos como o meu.

Me vs You

by Steven Meisel

O desejo. Nunca se cala. O meu está aqui, bem escondido atrás da orelha direita. Chego a sentir-lhe o bafo quente quando me sussura o que mais ninguém pode ouvir. Chega a fazer-me corar. Mas no fundo, diz-me sempre o que não consigo atrever-me a pôr por palavras. O que me faz tremer os joelhos, o que me faz suar as palmas das mãos e passar noites em branco. O que me percorre arrepios na espinha, o que me faz perder a cabeça, o coração, a alma e a razão. Inimigos mortais. De um lado os sentimentos, do outro o desejo. Nunca esperei um confronto directo como o de hoje. Digam-me, quem acham que ganhou?

Um dia gostava de te dizer,

que tudo o que disse ser mentira, não o era de facto.


(sou bem pior do que algum dia imaginaste.)

Beautiful monster



Há dias,por vezes só momentos, em que me sinto num filme. Posso escolher a minha personagem. E normalmente escolho sempre os maus da fita. Os que arrasam tudo à sua passagem. Os que entram em cena e provocam arrepios na espinha a quem assiste. Os monstros. Que de tão cruéis se tornam tão bonitos. Há filmes que me provocam. Quando saio da sala venho com uma mutação de personalidade. Foi por isso que regressei a casa depois do Black Swan em silêncio. O que raramente acontece. Costumo ter o rádio aos altos berros. O coração batia-me compassado no peito, a cabeça pausada, os olhos fixos e altivos. Quando me torno numa má personagem atinjo uma superioridade emocional. Um estado de transe que não me deixa indiferente. Existem níveis de inconsciência dentro de mim que estão adormecidos. Agora,que descobri como reanimá-los, não sei se o hei-de fazer. Trazem-me poder e desconfiança. Mas, de certa forma, tenho receio. Receio de não os conseguir voltar a adormecer.

Don't know why I'm still surprised

O medo. É o sentimento mais poderoso de todos. Mais forte que o amor, que o ódio, que o sofrimento, mais forte que diamantes em bruto. Leva-nos a trair as pessoas que amamos, a dizer coisas sem pensar. A fugir. Um passo à frente, dois atrás. Prometem-nos a lua e as estrelas e quando damos por nós somos lixo espacial a flutuar. Depois existe a camada de ozono, que nos impede de correr com os pés na terra outra vez. E, por fim, vem a parte da auto-confiança. Não sou o que queres, o que esperas, não te posso dar o que precisas, não sou boa rés, sou o pior que te pode acontecer. Cobardes. Quando não têm coragem para saltar fora usam o jogo contra nós. Como se a decisão nos pertencesse. Como se fosse eu a olhar para o telemóvel de cinco em cinco minutos. És tu que estás a contá-los, já com a mensagem escrita, prontinha a enviar. Cobardes. Enquanto isso estou, muito provavelmente, a ter uma conversa com outra pessoa, no cinema com outra pessoa, a jantar com outra pessoa, na cama com outra pessoa. Pensa o que quiseres de mim, mas cobarde é que não sou.

The first thing

The more you see the less you know. The less you find out as you go. I knew much more then, than I do now. Neon heart day glow eyes. A city lit by fireflies. They're advertising in the skies for people like us. And I miss you when you're not around. I'm getting ready to leave the ground. Oh, you look so beautiful tonight in the city of blinding lights. Don't look before you laugh. Look ugly in a photograph. Flash bulbs purple irises the camera can't see. I've seen you walk unafraid. I've seen you in the clothes you made. Can you see the beauty inside of me?

We'll be gone gone

Gostava de dizer que sou uma pessoa bem resolvida. Que o passado está lá atrás. Que para a frente é que é o caminho. Gostava de não pensar nos sacrifícios que fiz, nas horas que esperei de coração apertado, na vontade de ser invisível, nas respostas engolidas em seco, porque mereço, merecia. Há momentos, palavras, gestos, estradas, portas, cheiros que nos marcam para a vida. E hoje, com o meu guarda-chuva, por entre as poças de chuva senti o perfume. E quando me voltei não estava lá ninguém. Ninguém. Mas estava lá a porta. Aquela em que uma vez te apoiaste quando voltavamos ao carro. Rias tanto e tão alto que me contagiaste. Ri contigo até chorar. Lá estavas, tu e o teu sorriso. Foi assim que percebi porque não gosto desta cidade. Está demasiado cheia de ti e de mim.

Já vou nos 47,

E ainda falta um mês para a Alemanha.

Há pessoas que demoram anos a apaixonar-se à primeira vista.


Tell me that I'm good enough

O dia dos namorados é um dia parvo. Como tantos outros. Como quase todos os dias da minha vida. Este é só mais um. E é por isso que gostava de voltar a acreditar. Acreditar que podem surpreender-me mesmo depois de me tornar 99% céptica em relação ao amor. Tenho saudades de suster a respiração, sentir o coração acelerado e sorrir. Sorrir verdadeiramente. Sem ter de agradar aos outros. Chorar de alegria. Oh, há imenso tempo que não choro de alegria. E o quanto gosto disso. Sentir-me amada até à medula óssea. Que faço parte da vida de alguém. Que adormecem a pensar a mim. Que me posso enroscar num corpo quente até cair no sono. Mas pronto, isto já era de esperar. Estou armada em lamechas hoje, não páro de comer porcarias e ver comédias românticas. Só porque quero voltar a acreditar. E se depois de dois filmes, não estou totalmente convencida, vai com certeza ser no terceiro. É isso. E amanhã, amanhã vai ser um dia bom, surpreendente. Vá, façam lá figas. Já o merecia.

You can't always get what you want

Não estava a falar a sério, ok? Sei que te incitei a dar o teu pior...mas obrigar-me a ir às urgências a meio da noite? Levar com um médico que deve ter terminado agora o internato, que fazia um sorriso sarcástico a cada resposta que lhe dava e ostentava aquele ar "o que tu queres sei eu" quando eu me contorcia de dores...ah ah ah. Achas que é isso que me vai deitar abaixo?Seriously?!

Give me something I can believe in

Olivia Wilde by Tao Ruspoli


Quem disse que estar durante uma hora e meia no trânsito não é divertido está redondamente enganado. Há momentos e pessoas que valem por todos os minutos da nossa vida desperdiçados entre a 1ª e a 2ª mudança. Enquanto cantava Open your eyes de alma e coração, eis que reparo que estou a ser observada por dois olhos no espelho retrovisor do carro parado à minha frente. Depois de corar violentamente (ainda bem que já era noite) volto a tentar focar aquele mesmo olhar, timidamente. Que continua fixado em mim. Olho para o outro lado instintivamente. E começo a sorrir. São olhos de 20 e poucos anos, ainda com o brilho dos sonhos por perseguir, um carro da gama "oferecido pelos pais", como o meu, e atrevidos. Quando volto a olhá-lo está a cantar. Abana a cabeça de um lado para o outro ao som da música que tento em vão perceber. Quer competição. Vamos a isso. Aumento o volume e desta vez é a Chasing cars. Sorri para mim. Sinto-me uma menina cheia se sonhos. Capaz de tudo. Estou colada à traseira dele. Estão a bater-me o couro no trânsito. E gosto. Que originalidade. Apanho o cabelo e ele arranca. Passa-me pela cabeça que, se não tirar os olhos de mim ainda bate no carro da frente. Engano-me. Um engraçadinho arma-se em esperto e atravessa-se à minha frente. Filho da puta. Estragou-me o flirt. Pronto, acabou-se a brincadeira. Estou eu a maldizer a minha vida quando reparo que ele, o dos olhos, o que compete no karaoke automóvel comigo, passou para a faixa do lado. Deixa o filho da puta avançar e abre o pisca para voltar à minha dianteira. Agora sim. Sinto-me levitar. Sinto-me estúpida por estar a levitar. Ele só mudou de faixa e, para mim, foi como se tivesse virado o mundo do avesso para me voltar a ver. Depois das portagens perdi-o de vista. E não, não decorei a matrícula.

Let it be

Qual é a piada de viver sem cometer erros? Fazer tudo certo, dar as respostas que os outros esperam, reacções calculadas ao milímetro. Há erros que sabem pela vida. Pelas noites mal dormidas, pelo stress acumulado, pelos fracassos sucessivos. Há erros que já não são erros. São catástrofes. Abanamos a cabeça na eminência de os ver passar, fechamos os olhos quando nos batem à porta, e consentimos no silêncio da nossa consciência. Há erros com E grande, gigante, incomensurável. Quanto maior o erro, mais vontade existe em cometê-lo. Em deixá-lo invadir esta estúpida, certa e medíocre existência. E já ninguém aprende com eles. Eu já não aprendo com eles. Tal como já não espero nada deles. O que vier, virá. Se vou pagar por cometê-los? Talvez. Mas mais do que já paguei parece-me impossível. Se bem que vida está sempre a surpreender-nos. Então vá, força. Mostra-me o teu melhor. Eu mostro-te o meu pior.

Faltam-me as palavras

“Sometimes reality has a way of sneaking up and biting us in the ass. And when the dam bursts, all you can do is swim. The world of pretend is a cage, not a cocoon. We can only lie to ourselves for so long. We are tired, we are scared, denying it doesn't change the truth. Sooner or later we have to put aside our denial and face the world. Head on, guns blazing. De Nile. It's not just a river in Egypt, it's a freakin' ocean. So how do you keep from drowning in it?”
Grey's Anatomy

Disse o R.

Tens de deixar de olhar para o futuro de costas.

Lá vai uma da manhã, hey!

Um dos meus grandes defeitos é sofrer por antecipação. É uma nervoseira incrível. Consigo irritar todos os que estão à minha volta ao ponto de decidirem afastar-se. Fico intragável. Imprópria para consumo. Como me dizia uma pessoa que em tempos conheci, tu és impressionante, põe-te uma banheira de merda à frente e tu primeiro choras, gritas, suas, alucinas, fazes birra e só depois mergulhas. Quando no fundo tudo o que há a fazer é mergulhar e pronto. Não há por onde escapar, portanto para quê tanto gasto de energia? Não sei. Talvez tenha vindo com defeito de fábrica. Mas é assim que sou. E quem quiser ou tiver coragem suficiente que se aguente. Porque nós nunca somos o que mostramos. Nunca, nunca, nunca. Existe "aquele" nosso lado que nos desgasta, desequilibra, desorienta e desfaz. Mesmo que por fora sejamos só sorrisos e confiança. Esta noite, se bem me conheço, não vou pregar olho. Vou sofrer por antecipação até ser de madrugada. Mas enfim...o que se há-se fazer? Tenho de aguentar-me, certo?

Acerca de mim

A minha foto
O meu nome é Joana. Sou insatisfeita por natureza, quero sempre mais e sempre melhor. Sou indecisa, mas quando me decido vou até ao fim do mundo. O meu sonho é fotografar o mundo e as coisas bonitas que nos rodeiam. O meu grande sonho é não ter limites para o fazer.