Dreaming of when the morning comes

Há uma semana que não vais dormir a casa, que me acordas a meio da noite para fazermos amor, que deixas a escova de dentes ao lado da minha, que pagas multas de estacionamento na minha rua, que me passas as mãos no cabelo até me sentires adormecer, que me vais buscar ao inglês, que te roubam baterias do carro às tantas da manhã, que não páras de me dizer que tenho o corpo mais perfeito que viste até hoje, que me prometes as Maldivas e a costa alentejana, que sorrimos um para o outro discretamente ao almoço, que assinas papéis para a vida, que não dormes mais de cinco horas diárias. Diz-me. O que vai ser de nós durante duas semanas?

God !

Às vezes olho para trás e percebo que ou estava com os copos ou prestes a ter um AVC hemorrágico.

I'm losing what I don't deserve

"Já não sei se tenho mesmo - e sempre tive - uma péssima memória, ou se sou eu que tenho a tendência para reprimir tudo o que não me agrada e por isso é que não me lembro de mais de metade da minha vida."


Acordar contigo ao lado é como começar de novo.

Cenoura, ovo ou café?

São as adversidades que nos mostram do que somos feitos. Como a história da água a ferver. Experimentem em casa. Três panelas de água a ferver. Na primeira uma cenoura, na segunda um ovo e na terceira grãos de café. A conclusão? Simples. A cenoura, com a mania que era dura e forte amolece face aos obstáculos. O ovo, frágil e desprotegido, torna-se mais forte e consistente. E o café? O café muda a água, torna-a saborosa. Tenho para mim que estas duas últimas semanas me transformaram num ovo cozido. Tenho orgulho nisso. Mas daqui para a frente não descanso enquanto não conseguir fazer café.

Serão o amor e o ódio assim tão diferentes?

É tão giro ter pessoas, que voltam de terras distantes, que nos foderam a vida, a cabeça, o nome, que se julgam tão superiores, e a primeira coisa que fazem é perguntarem a uma das nossas melhores amigas:

- Então, como é que ela está?


E eu divirto-me com isto. Juro.

Já te tinha dito?

Tira botas, calça botas, tira cinto, põe cinto, tira casaco, veste casaco, tira computador, arruma computador. Mas por mais incrível que pareça não te consegui tirar da cabeça.

I'm froze by desire

Gisele Bunchen

O amor está sempre depois do sexo. Todo o antes é duvidoso. Os suores e a respiração ofegante que antecipa o acto são por vezes confundidos com o acto de amar. É um "amo-te... mas quero-te nú", "amo-te... mas quero percorrer todo o teu corpo com as mãos". É um amo-te permissivo. Enquanto o pronunciamos é tesão o que saí pela boca, não amor. Os beijos deixam de ser carinhos e passam a ser desejos. E é-nos dada a possibilidade de possuir qualquer parte do corpo alheio com uma única palavra. É feito sexo com a desculpa do amor. No fim, depois dos corpos exaustos, se houver espaço para um último toque, para um último beijo, se houver vontade para um olhar é o amor a falar: "Amo-te.

Is this love?

- Há muito tempo que não te via nesse estado.
- Que estado?
- Em estado de graça.

You're gonna be the one who saves me

São 2000 km. Um carro. Dois aviões. Dois autocarros. Acordaste às quatro da manhã, aposto que estava um gelo lá fora e nenhum carro pisava a estrada. Chegaste ao aeroporto, esperaste uma hora e meia e enfiaste-te num banco pouco confortável para descolar. Enquanto fazias escala num país qualquer perdido pelo meio, estava eu, a dormir profundamente, debaixo do edredão quentinho, com uma almofada debaixo da cabeça e outra agarrada a mim, como já me viste fazer. Despertei com a luz do telemóvel e numa mensagem dizias “Se cair…já sabes…”. E sabia. Sabia que vinhas aí. Dei voltas na cama durante horas. O meu coração batia depressa, provavelmente por sentir que o teu estava cada vez mais próximo. Lembro-me de sorrir, meio a sonhar meio acordada e sentir-me a pessoa mais aconchegada do mundo inteiro. Ali, naquela terra gelada, onde todos parecem ralhar com todos e com o coração perdido nas ruas escuras. Só agora percebo que ele não se perdeu. Fugiu-me para te encontrar. E voltou para mim quando te vi do outro lado da estação, com o teu blusão de cabedal e mochila às costas, o sorriso que se estende aos olhos, e eu a ouvir Wonderwall porque senti que aquele momento precisava de banda sonora. Sei que querias parar e ficar a olhar para mim como se fosse a primeira vez, sei que querias repetir a cena do Armageddon, mas não houve tempo para nada disso. Agarraste-me com a força de quem nunca me vai deixar. Enterrei a cabeça no teu pescoço e a única coisa que consegui articular Estás mesmo aqui não estás? Estiveste. E estás. E conseguiste apagar tudo o que estava para trás.

I'm leaving on a jet plane

- Ia-lhe contanto.
- Quando?
- Quando me perguntou porque estava feito parvo no quintal a olhar para os aviões.

My plastic love

She lives with a broken man. Há cerca de um ano atrás tinha a mala igualmente à porta. Cheia de sonhos e cores. Era tarde, já não se ouvia nada para além do silêncio. Sentada no chão da sala, no meu recanto preferido ouvia Fake Plastic Trees no volume máximo. She tastes like the real thing. A minha dependência extrema deixava-me vazia. Desorientada. Demasiado perdida e ferida para perceber o que estava à minha frente. Dois países distantes. Duas cidades frias. Um coração. E chorava. If I could be who you wanted. A minha intuição nunca se engana. Sabe o caminho até de olhos fechados. E, no fundo, eu sabia que aquela era a primeira e a última viagem. E, na verdade, nunca mais ouvi aquela música.

It's time to go

by Guy Aroch



É agora.

Não há volta a dar.

Mas vou de coração cheio.

Would you kill to save a life?

Entrei no banho, a tremer da cabeça aos pés, lavei metodicamente o cabelo, o corpo, embrulhei-me na toalha, passei o creme hidratante nas pernas, barriga, mãos e cara, penteei-me, roupa interior, enfiei as calças e quando ia apertar o cinto no último furo percebi que as calças me caíam. Fiquei a olhar, petrificada, para aquele furo já feito depois da compra do cinto, e que já não me segura as calças. Foi neste exacto momento que me veio à cabeça uma das muitas cenas do filme Into the wild, em que ele vai apertando, apertando e fazendo furos à medida que emagrece. Virei-me de costas para o espelho, tenho os ossos da coluna demasiado salientes na pele, cada vez que respiro vejo as costelas fazerem fricção. Tenho olheiras profundas e negras e as unhas comidas até metade. Estou a consumir-me em silêncio. Sem sintomas, sem sinais. É como se me comesse por dentro. Sem doer, no silêncio da noite. Enquanto a mente dá descanso aos músculos, mas o inconsciente vem ao de cima. É agora, a rampa está mesmo à minha frente. Escorregadia, íngreme. Lá em baixo está o muro. Duro e rochoso. Vou ter de saltar. Não tenho hipótese. Por mais que tente atenuar o embate, sei que me vou partir aos bocados.

É demasiado cedo para dizer que espero que os dias cheguem ao fim para estar contigo?

Do you really want me?


Estavas de saída. Seguia à tua frente para abrir a porta, segundo as regras de etiqueta. Mandaste-me contra a parede. Senti-a gelada através do rasgão que me fizeste na camisa. Apertaste-me o peito com força, sempre com demasiada força, como eu gosto. Pede-me mais. Não disse nada e roçaste o teu corpo no meu. Pede-me mais. Continuei calada. Pegaste na minha mão e lambeste-me os dedos. Depois obrigaste-me a fazer o mesmo. Presa entre ti e a parede nua e fria, senti a tua mão conduzir a minha. Primeiro pelo decote, depois pela barriga, sempre a descer. Desapertaste-me o botão das calças e quando senti as cuecas, sussurei-te mais ao ouvido. Lasgaste-me imediatamente. E ouvi-te dizer ainda não, enquanto saías pela porta.

He said,

you're like my personal kind of heroine.

The third thing


Said I would and I'll be leaving one day before my heart starts to burn. Times are hard when things have got no meaning. I've found a key upon the floor. Maybe you and I will not believe in the things we find behind the door. So what's the matter with you? Sing me something new... don't you know the cold and wind and rain don't know. They only seem to come and go away. Stand by me, nobody knows the way it's gonna be. If you're leaving will you take me with you. I'm tired of talking on my phone. There is one thing I can never give you. My heart can never be your home.

And so the lion fell in love with the lamb...

What a stupid lamb.
What a sick, masochistic lion.

I'm gonna give all my secrets away

Já passei noites sem dormir por ter o coração cheio de gomas e confetis, já disse uma grande mentira, já fingi um orgasmo, já sonhei acordada, já traí alguém, já perdi uma melhor amiga, já escolhi o nome dos meus filhos, já me droguei, já abracei alguém com tanta força como se fosse a última vez, já cometi um dos sete pecados mortais daqueles com bilhete directo para o inferno, já desejei que alguém morresse, já vi o amanhecer vezes sem conta, já nadei completamente nua, já me perdi no meio do mato numa noite cerrada, já chorei convulsivamente enquanto conduzia, já fui para a cama com alguém que tinha acabado de conhecer, já vi 5 filmes seguidos, já fugi de medo de alguém, já usei um vestido sem roupa interior, já fui para a cama sem lavar os dentes, já fiz um grande sacrificio por uma pessoa que amava, já quis desistir de tudo, já adormeci ao sol no meio das vinhas, já tomei comprimidos para dormir com álcool, já amei alguém mais do que a mim mesma.

I'm losing my favorite game


Dizem que dançar é como andar de bicicleta. Nunca se esquece. Estás a ensinar-me uma nova forma de dançar. À tua volta, à minha volta, à nossa volta. Se existe alguma probabilidade de existir a palavra nós neste estúdio de dança. Dás um passo à frente, é a minha vez de dar um para trás. Por vezes atrapalho-me e dou dois de cada vez. Olhas para mim com a sabedoria de quem já ensinou milhares de passos e rodopios, mas não me censuras. Esperas pacientemente, com aquele sorriso que se estende aos teus olhos, que regresse ao sítio certo e voltas a dar-me a mão. Agarras-me com força, rodopias-me nas tuas mãos e na tua cabeça e eu peço com força para não me deixares cair. Fecha os olhos, dizes-me. Quando a vontade é mais forte deparo-me com o chão duro, frio e escuro a poucos centímetros, como se gostasses de me levar ao limite. Suprimo um grito na garganta e respiro baixinho, lentamente, para que o meu coração deixe de bater tão depressa. Quando atinjo o meu limite afasto-me. Ficas parado, a olhar-me. Como se me estudasses. E, no mais profundo silêncio, consegues ouvir-me chamar por ti.

A miúda dos brincos de pérola

Lembrei-me de ti, entre passar o lápis negro nos olhos e usar o blush. Olhei bem fundo no espelho e consegui ver-te, lá ao fundo, como fazias quase sempre. Com o sobressalto, deixei cair o estojo que me ofereceste e as minhas pérolas rolaram pelo chão. Adoro ver-te de pérolas, ainda te ouço dizer. Começo a sentir aquela tristeza profunda, que vem cá de dentro, daquele lugar tão fundo, tão fundo. Agarro o peito com força com medo que se vá despedaçar. As minhas pernas quebram e escorrego pela ombreira da porta até sentir os azulejos frios. Há um ano atrás pedias-me o blush emprestado, só para me ouvires ralhar. Vou deixá-lo aqui. Em cima da bancada, em frente ao espelho, não vás precisar dele.

Faltam dez dias,

e já não durmo mais de duas horas seguidas desde a última semana.

The second thing

We'll do it all. Everything. On our own. We don't need anything or anyone. If I lay here. If I just lay here. Would you lie with me and just forget the world? I don't quite know how to say how I feel. Forget what we're told. Before we get too old. Show me a garden that's bursting into life. Let's waste time chasing cars around our heads. I need your grace to remind me to find my own. All that I am. All that I ever was. Is here in your perfect eyes. They're all I can see. I don't know where. Confused about how as well. Just know that these things will never change for us at all.

Acerca de mim

A minha foto
O meu nome é Joana. Sou insatisfeita por natureza, quero sempre mais e sempre melhor. Sou indecisa, mas quando me decido vou até ao fim do mundo. O meu sonho é fotografar o mundo e as coisas bonitas que nos rodeiam. O meu grande sonho é não ter limites para o fazer.