You can run but you can´t hide

"After careful consideration and many sleepless nights, here’s what I've decided. There's no such thing as a grown-up. We move out, we move away from our families. But the basic insecurities, the fears and all the old wounds just grow up with us. Just when you think life has forced you to truly become an adult, your mother says something like that. We get bigger, taller, older. But, for the most part, we're still a bunch of kids, running around the playground, trying desperately to fit in."

Grey's Anatomy


E também porque ando assim...

Eva Mendes by Michael Thompson

Páginas amarelas Parte XIII

Ando com alergia a computadores. É isso.

Se há coisa que me traz paz de espírito

é saber que posso acabar com tudo de um momento para o outro.

Together we will live forever

Sempre tive o síndrome do tempo. Porque era nova demais. Porque estou a envelhecer depressa demais. Porque não consigo agarrar as coisas a tempo. Porque aquela oportunidade já lá vai e não volta. E não há outra igual. E não se gosta duas vezes. E há quem diga que só temos um amor na vida. Não é verdade. Se assim fosse o meu coração não saltava um batimento sempre que te vejo chegar. Sempre que atendo o telefone e sei que estás do outro lado da porta. E quando páro para pensar no que ainda me falta viver contigo, adormeço a agradecer ter-te encontrado. E se há alguma coisa que me permite sorrir nestes últimos tempos é olhar para ti e ver-me aí dentro.

Passados dois meses,

vou confessar-te que esperei por ti este tempo todo.

Release me

Estou numa formação paga a peso de ouro. E ainda não ouvi uma palavra. Este senhor, que fala sem parar sobre coisas importantes, gráficos, valores de dose, algoritmos e software percebe mesmo disto. De vez em quando dirijo-lhe um sorriso, embora ele não precise de qualquer alento para continuar. Não sei do que ele está a falar. Nada disto me faz qualquer sentido. Estou a anos-luz de distância. Sonho com um mundo onde não tenho de fingir ser quem não sou. Faço filmes, com direito a protagonistas, vilões, duplos e finais felizes. Até têm direito a banda sonora. Os cenários vão mudando, as luzes, camâra, acção funcionam na perfeição. E eu continuo a sorrir para ele e ele para mim. Não me vou lembrar do som da sua voz assim que sair porta fora. Porque não chega até mim. Estou presa neste corpo, nesta sala, nesta personagem. Estou presa nas circunstâncias que me trouxeram até aqui. A janela, ao meu lado, deixa soprar o vento no meu cabelo e obriga-me a perceber, no meio de toda esta parafernália de tecnologia de ponta, que cometi o maior erro da minha vida. Não fui talhada para isto, não está na minha natureza pertencer a este mundo. Os números e gráficos não me deixam ser quem sou. O que estou aqui a fazer? Podia estar a inventar argumentos, a esfolar o corpo a dançar ou a decorar as minhas falas para a próxima cena. Devia sentir o que faço. Não tornar-me numa casca sem conteúdo. Ele sorri para mim, como se o estivesse a seguir atentamente e lembro-me que o objectivo de viver é tornarmo-nos melhores. E como conseguimos fazê-lo? Aprendemos com os nosso erros. Consigo admitir que errei. Redondamente. Agora vem a parte mais difícil. Terei coragem para corrigi-lo?

Se agora descobrisse que tenho um aneurisma,

sentia-me a pessoa mais feliz do mundo por finalmente poder fazer tudo o que sempre quis sem que ninguém me julgasse.

Queres que te fale de amor?

E dizem que a felicidade é isto mesmo. Sair do banho e ver-te em frente ao espelho a fazer o nó da gravata, adormecer com o teu sabor a invadir-me o corpo todo, olhar-te nos olhos e ver-me lá dentro, sermos apanhados de mãos dadas no meio da multidão, roubar-te beijos na copa e sair a discutir parametros físicos, tocar-te com o meu pé descalço por baixo da mesa de almoço sem ninguém ver, sorrir-te com o corpo inteiro, passar por ti e sentir que me desejas de alto a baixo, e ouvir-te chamar-me amor logo pela manhã.

Collecting your jar of hearts

Tenho alguma dificuldade em assumir que a culpa é minha. Tento sempre dar a volta à situação. O papel de vítima cai-me muito melhor. É simples, fácil de decorar, com poucas alterações de cena. O que me torna na grande má da fita. Porque além de fazer merda ainda ponho a culpa nos outros. Não há pior vilã. A grande diferença é que desta vez,mesmo que não tivesse assumido, quem perdia era eu. E perdi. Agora é fechar os olhos, imaginar que tenho os pés na relva e seguir em frente. O passado está lá atrás. E como me disseram aqui há tempos, tenho de parar de olhar para o futuro de costas.

He said,

Se algum dia gostares de mim metade do que gosto de ti, sou um homem feliz.

E depois pecebo que,

perdi anos da minha vida. Que era o teu mostruário. O teu par-do-parecer-bem. Levavas-me à rua como se levam os animais de estimação. Mostravas-me aos teus amigos, aos teus colegas de trabalho, olha que gira que ela é, e fala e tudo, e se disseres uma piada até percebe e sorri, olha que sorte a minha. Mas o que me irrita mais é não perceber se estou mais chateada contigo ou comigo. Olha, com a vodka e o tabaco é que não estou, por isso vou ali fazer amor com eles.

Afinal não existem primeiras vezes aos vinte e quatro anos,

existem repetições.

Páginas Amarelas Parte X

Se há coisas que me dão a volta ao estômago são as coisas do antes de.

Would you kill to prove you're right?

Vou contar-te uma história. Destesto homens, iguais a ti, que partem do pressuposto que as mulheres funcionam da mesma forma. Porque vocês sim, são todos feitos da mesma massa. Largam a caixa de Pandora nas nossas mãos, ligam a camera, luzes, acção e agora vamos lá testar as ratinhas no laboratório. Achas mesmo que me podes testar? Achas mesmo que tudo o que está cá dentro é assim tão linear? Que vou chorar porque viveste? Que te ligaria se não soubesse já do que estavas à espera? Tenho uma noticia para ti, foste apanhado na tua própria ratoeira. Não jogues comigo. Já me deitei com o meu inimigo, lembraste? Se não os consegues vencer junta-te a eles. Nunca jogues quando tens alguma coisa a perder. E nunca, nunca me tomes por garantida. Quero lá saber da primeira, da segunda, das que foram e tiveram de ser. Pelos vistos foram todas iguais ao litro. Eu, eu sou a pior adversária que podes ter. É que se for preciso perco, só para saber que te deixei ganhar.

Control yourself

Kristen Stewart by Michael Thompson


Já me senti um bicho selvagem. Tudo o que tinha não me chegava, andava sempre à procura de mais. Nada me satisfazia, nada me matava a sede de ter mais e mais. Corria atrás do que queria, mantinha situações paralelas e passados minutos fartava-me. Escondia-me de todos, tinha uma vida parela da qual ninguém descofiava. Mas voltava sempre a ti. Era capaz de fazer as maiores atrocidades, levantava-me a meio da noite para voltar para casa, sentava-me no chão, encostada à porta de entrada e apertava-me com força. Para descer à realidade. Para me sentir menos vazia e mais cheia de ti. Sempre lutei contra o poço sem fundo que tenho cá dentro. Agora, melhor que nunca, sei contorná-lo e onde por os pés para não cair. Às vezes espreito lá para dentro e tenho uma certa vontade de me atirar de cabeça. Mas depois lembro-me do que aconteceu connosco e fujo dele a sete pés. É que o problema dos poços sem fundo é não se ver a luz lá em cima e quando te levei comigo fiz por perder-te no meio da escuridão.

Por outro lado,

passo os dias a fazer sexo tântrico.

Do you ever feel like a plastic bag drifting throught the wind wanting to start again?

E largar tudo, meter a roupa essencial dentro de uma mala de viagem, o dinheiro que tenho dentro do bolso das calças, apanhar um avião com destino às Maldivas, oferecer-me como recepcionista num hotel e ficar por lá? Levantar-me todos os dias num postal que enviamos a fazer inveja aos amigos, não pegar no carro para enfrentar o trânsito da segunda circular, não ter de andar com dois telemóveis e um computador atrás, não usar saltos altos, e por aí fora.

Acham que era de valor?

Last night

Senti-o atrás de mim ainda antes de me virar. Petrifiquei. A batalha interior não me permitia mexer um milímetro. Perguntei-me se tinha a certeza do que estava prestes a fazer. Não obtive resposta. Virou-me e olhou-me nos olhos. Lembro-me de pensar se conseguiria olhar nos teus no dia seguinte. Encostou o corpo dele ao meu e senti o pulsar do meu coração. Como um animal assustado. Depois tive a certeza. Todas as mentiras, desilusões, traições,que fui descobrindo ao longo do tempo gritavam-me aos ouvidos. Afastei-o de mim e disse-lhe para não se mexer. Se ia trair-te, queria ser eu a controlar cada gesto.

Acerca de mim

A minha foto
O meu nome é Joana. Sou insatisfeita por natureza, quero sempre mais e sempre melhor. Sou indecisa, mas quando me decido vou até ao fim do mundo. O meu sonho é fotografar o mundo e as coisas bonitas que nos rodeiam. O meu grande sonho é não ter limites para o fazer.