Com algum atraso

Há praticamente um ano abria-te a porta do meu quarto de hotel perdido no meio do frio da Primavera e a do meu coração, nos seus 40 graus de verão abrasador. Quis o destino que entrasses em mim de uma forma assombrosa e avassaladora. Levaste-me o medo, a tristeza e a prisão de uma terra de ninguém onde apenas as vozes ao telemóvel me lembravam que estava tão longe de casa. Quis dizer-te que era tua, desde que desci as escadas do hotel e enfiei as mãos nas luvas de lã para te abraçar. Que cantarolei as músicas que são dos dois durante todo o caminho, para afastar o frio e as expectativas que me consumiam a cabeça e não me deixavam dar um passo de cada vez. Praticamente corri ao teu encontro, naquele passo saltitante de criança que agora me conheces tão bem. As expectativas, essas, ficaram mais uma vez guardadas dentro do roupeiro enquanto nos escondíamos desta Europa sem sentido debaixo do edredão. Conseguiste superá-las. Não na minha pele, mas no meu coração. Que hoje fala com o teu sem parar, numa língua só nossa, num mundo que é interdito a toda a gente, excepto a nós os dois.

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O meu nome é Joana. Sou insatisfeita por natureza, quero sempre mais e sempre melhor. Sou indecisa, mas quando me decido vou até ao fim do mundo. O meu sonho é fotografar o mundo e as coisas bonitas que nos rodeiam. O meu grande sonho é não ter limites para o fazer.