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A distância do presente ao futuro é grande. Nem se consegue medir. O mesmo não acontece com o passado. Dizes Já foi, e já foi mesmo. Não são segundos nem minutos, é uma fracção de tempo perdida no meio. Mas o futuro está lá longe, para lá do horizonte, não se vislumbra nem se mede, muito menos se adivinha. Mas sonha-se. E o meu maior defeito é sonhar acordada. Não tenho medo de o fazer, faz parte de mim, criar as espectativas, prever os actos, acrescentar cenas. Sou uma realizadora a tempo inteiro. E porque será isto um defeito? Simples. Convenço-me de que tudo vai acontecer daquela maneira, a minha. Ponho o meu coração todo de fora e todo dentro desse futuro que nem consigo tocar. Depois deixo-me de molho à espera que aconteça. O grande problema é que enquanto sonho acordada não vejo o que se passa à minha volta. Não percebo os pequenos pormenores e a subtileza das coisas. Não ajo. Não vivo. E, na maior parte das vezes, quando volto a abrir os olhos já é tarde demais.
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