
Dizem que dançar é como andar de bicicleta. Nunca se esquece. Estás a ensinar-me uma nova forma de dançar. À tua volta, à minha volta, à nossa volta. Se existe alguma probabilidade de existir a palavra nós neste estúdio de dança. Dás um passo à frente, é a minha vez de dar um para trás. Por vezes atrapalho-me e dou dois de cada vez. Olhas para mim com a sabedoria de quem já ensinou milhares de passos e rodopios, mas não me censuras. Esperas pacientemente, com aquele sorriso que se estende aos teus olhos, que regresse ao sítio certo e voltas a dar-me a mão. Agarras-me com força, rodopias-me nas tuas mãos e na tua cabeça e eu peço com força para não me deixares cair. Fecha os olhos, dizes-me. Quando a vontade é mais forte deparo-me com o chão duro, frio e escuro a poucos centímetros, como se gostasses de me levar ao limite. Suprimo um grito na garganta e respiro baixinho, lentamente, para que o meu coração deixe de bater tão depressa. Quando atinjo o meu limite afasto-me. Ficas parado, a olhar-me. Como se me estudasses. E, no mais profundo silêncio, consegues ouvir-me chamar por ti.
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